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Puma e Tuca

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Ironman 2010

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Bike – Ironman 2012


Por Andre Puhlmann
Como estava bem concentrado e focado consegui fazer muito bem a transição. O que facilitou também foi o fato de eu ter aprendido a nadar com a roupa de ciclismo em baixo da roupa de borracha. Antes sofria muito para colocar o top, o corpo molhado e todo inchado pela natação, fora o jeito “delicado” de colocar. Demorava muito e geralmente precisava de ajuda. Olha, vocês não sabem o trabalho que eu passava. Então, resolvi nadar com a roupa de ciclismo por baixo. Claro, que não fiz o teste no iron, já faz um tempo que coloquei isso em prática. Nos dias frio deixo na sacola um manguito ou outra camiseta de ciclismo, mas não precisei deles este ano.
Depois de pegar tudo e ajeitar as suplementações na roupa, fui correndo até a bike arrumando o capacete e óculos. Peguei a magrela um pouco preocupado pelas sensações estranhas que tive na água. Assim, decidi começar mais tranquilo. Mas não é fácil controlar o ritmo diante daquela galera berrando. Precisei buscar controle e equilíbrio para cumprir aquilo que estava determinado na minha planilha. Bicho, a emoção é forte, senti o choro vindo muitas vezes, eu pensava: estou no Ironman, olha tudo o que fiz para chegar aqui. E ver a família e os amigos compartilhando comigo aquela energia inexplicável, é como se fosse uma recompensa pela minha ausência durante todo o período de treinamento.
Depois de passar por toda esta emoção, comecei a prestar atenção no meu corpo. Como estava respondendo a mudança do horizontal para o vertical, é comum sentir a visão meio turva e até mesmo tontura. Felizmente não estava sentindo nada. O dia começou perfeito, quente, sem chuva e principalmente, sem vento. Fui de Jurerê até a beira mar controlando meu ritmo, com a intenção de aquecer e sentir a prova.
Segui para beira mar sul, sabendo que lá é um trecho preocupante, pois tem muito vento. Ali você fica dando voltas, não tem torcida, é complicado porque você fica praticamente sozinho. Felizmente na primeira e na segunda volta não tive problemas com o vento, que é o fator mais complicador. Chegando na SC (ainda na primeira volta) foi emocionante, estava bem e sentindo que poderia forçar mais. Ainda fiquei apreensivo em forçar, mas naquela hora, o que era fazer força? Já estava com uma média de 35,4 Km/h , se isso não é forçar (pelo menos para mim), então o que é? Mesmo assim fiquei na minha, vinha gente subindo forte do meu lado e eu ali girando nas subidas para não desgastar. Isso até chegar no pedágio porque ali me empolguei mesmo. Treinei muito nessa parte da SC com o Paulinho (meu técnico), fiz muitos tiros contra o vento até Canas. Sabia que estava bem, então comecei a imaginar aqueles treinos e senti que estava no caminho certo para um bom tempo.
Estava ansioso para chegar em Jurerê, pois lá estava toda a minha família. E foi lá o ponto forte desta prova, porque ganhei mais energia para a segunda perna. Isso porque fiquei orgulhoso com os meus primeiros 90Km e vi todos felizes e muito empolgados. Sabia que superar o tempo que estava programado na planilha iria deixar o pessoal mais animado e confiante. São essas coisas que fazem a diferença e eu fiz o meu melhor para em troca receber a admiração, a confiança destas pessoas que realmente torcem por mim. Sabe o que é mais legal depois de conseguir fazer um bom resultado? É ver os amigos e familiares orgulhosos de você.
Foi com a energia deste pessoal que iniciei a segunda volta, percebi que estava bem, fiz uma média de 36 km/h e o negócio era manter este ritmo para superar todas as minhas expectativas e fazer meu melhor tempo. Fiz exatamente o que fiz na primeira volta, não mudei nada. Como dizem no futebol: “time que esta ganhando não se mexe”. Continuei com alimentação, com a hidratação e principalmente, não fazia força nas subidas. Mesmo assim precisei parar no special needs para pegar minha suplementação, completar o que estava faltando. Foi ótimo dar uma paradinha, descansar um pouco, pois já estava bem cansado. Mas tentei manter a motivação porque ainda faltavam muitos km e algumas subidas.
Faltando alguns km dei uma relaxada para soltar um pouco e aproveitar o final da prova. No meu ponto de vista este final é mais difícil, pois você tem que buscar motivação para a próxima etapa (a corrida). Voltei a pensar na transição (relembrando tudo o que precisava levar para os 42Km de corrida). Para mim uma transição bem feita é aquela que você faz rápido e de maneira eficiente, sem atropelos.
Entreguei a bike para os staffs e ao colocar o pé no chão, senti que estava duro, quase não fiquei em pé e minha lombar estava travada. Fui correndo para o galpão com uma marcha difícil, mesmo assim deu tudo certo. Fiz uma transição de 2 minutos e segui para o último desafio.


Um comentário:

  1. Muito bom o depoimento!
    Dá pra se imaginar na prova!
    Torcemos muito por você,
    parabéns pela prova.

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